O que é jogo de azar

Os jogos de azar existem desde os primórdios das civilizações. O termo azar é usado como sinônimo de aleatório, ou seja, um evento que pode ser parcialmente ou totalmente ditado pela casualidade. Por definição, jogo envolve apostas, o que significa empenhar um bem ou valor financeiro na previsão de um evento futuro, para o qual o resultado não depende das ações de quem apostou. Experiência e habilidade têm seus papéis limitados pelo acaso, que sempre participa deste tipo em proporções variáveis, de parcial nas cartas, por exemplo, até absoluta como nos caça-níqueis. Isso faz com que o jogar seja algo excitante e alienante¹.

Em resumo:

  • Jogar é um desafio
  • Desafios envolvem riscos
  • Riscos envolvem incerteza
  • Incerteza envolve perdas ou ganhos

O Transtorno do Jogo é a terceira dependência mais comum no Brasil, perdendo apenas para o álcool e o tabaco. Acredita-se que cerca de 1,2 % da população brasileira seja dependente de jogo e, dentre estes, estima-se que 73,2% têm ou tiveram problemas relacionados ao álcool; 60,4% apresentam dependência de nicotina e 38,1% do uso de outras drogas. Além desse acúmulo de vícios, 49,6% tinham transtorno de humor; 41,3% apresentaram transtorno de ansiedade e 60,8% transtorno de personalidade¹. Na população mundial, a prevalência é de 0,4% a 2,1%².

Em levantamento realizado no PRO-AMJO (Programa Ambulatorial do Jogo Patológico) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, os pacientes relataram gasto médio de 11,2 horas por dia apostando. Pelo menos a metade dos entrevistados já passou 24 horas ou mais jogando ou se deslocando de uma casa de jogo para a outra. Quando perguntados sobre o porquê da atitude, as justificativas para esse comportamento estavam relacionadas com a tentativa de recuperar o dinheiro perdido antes que os familiares descobrissem que o ele havia sumido.

Em seus relatos, as pessoas que sofrem com o Transtorno do Jogo afirmam que os prejuízos vão além da área financeira, interferindo na vida pessoal, profissional e familiar:

  • Vida pessoal: Mesmo quando o jogo não é visto como um problema, a pessoa deixa atividades antes valorizadas para jogar;
  • Vida financeira: As perdas são volumosas. Em alguns casos, compõem todo o montante de dinheiro disponível para as despesas mensais. Por isso, alguns jogadores buscam créditos ou empréstimos, o que piora a sua situação financeira a médio prazo;
  • Vida profissional: A produtividade dos jogadores cai porque eles, geralmente, despendem muito tempo em atividades voltadas ao jogo durante o período de trabalho, planejando os próximos passos, revendo resultados etc.
  • Vida familiar: A atitude de jogar e o tempo gasto com o jogo faz com que os alicerces familiares fiquem estremecidos, seja por causa das perdas financeiras ou por conta da ausência do jogador. A família do jogador normalmente ameaça ou mesmo chega a abandoná-lo, com o objetivo de cessar esse comportamento.

1. (Petry, 2005)
2. (Weinstock et al, 2008)