Conheça os riscos

Existem alguns pontos importantes que devem ser levados em consideração quando falamos em risco para transtorno do jogo. Eles estão relacionados, principalmente, ao ambiente de jogo (casas de apostas), à vulnerabilidade do jogador e à oferta de jogo. As casas de apostas, legalizadas ou não, usam estratégias para atrair os clientes, como prêmios-surpresas, brindes e valores em espécie, refeições e até transporte, como estímulos iniciais e de manutenção para o jogo de azar. Existem pessoas que, de acordo com o tipo de exposição, a sua idade, o estado emocional ou mesmo o gênero, podem ficar mais suscetíveis a apresentar problemas e até tornarem-se dependentes do comportamento de jogo.

Quanto maior for a exposição, maior será o risco de que indivíduos predispostos desenvolvam problemas com apostas. Por isto, é muito importante que a sociedade se estruture para enfrentar o problema, debatendo de maneira organizada e séria a regulamentação de toda e qualquer atividade que envolva apostas, se adiantando e sugerindo modelos de prevenção, visando proteger populações mais vulneráveis, como adolescentes, indivíduos desempregados, idosos solitários, pessoas em estresse e portadores de outros transtornos psiquiátricos prévios.

Shaffer propôs uma classificação do comportamento de jogo, dividida em três categorias: o Nível 1 engloba jogadores que jogam sem sofrer consequências adversas, os chamados jogadores sociais; no Nível 2 os jogadores experimentam alguns sintomas adversos, os jogadores problema; o Nível 3 inclui aqueles que preenchem os critérios para transtorno do jogo, conforme definido pela American Psychiatric Association (APA, 1994). Recentemente, um subgrupo foi desmembrado do Nível 3 – seria o Nível 4, que compreende os jogadores que, apesar de terem atendidos os critérios do Nível 3, também procuraram tratamento para problemas relacionados com jogos de azar (Shaffer et al., 2002).

A prevenção é uma ação que estabelece métodos primários para prognosticar e elaborar projetos e recursos para diminuir a incidência de problemas de saúde. Está ligada à psicoeducação, por exemplo, visitas monitoradas às escolas, a partir ensino fundamental II, para explicar o que é jogo de azar, porque os alunos têm ideias pouco realistas sobre o assunto. É comum encontrar pessoas que acreditam ter uma habilidade especial que permite prever o resultado dos jogos. Isso não é verdade, já que o resultado do jogo é imprevisível e aleatório. Ao trabalhar-se em escolas, por exemplo, pode-se demonstrar esta imprevisibilidade de resultados, bem como a aleatoriedade, de forma lúdica, utilizando os conteúdos escolares como recursos de apoio.

Fora do ambiente escolar podemos trabalhar com a população que ainda não se tornou patológica, podendo assim minimizar os danos.